
Autor: Edgar Allan Poe
Título original: Shadow: A Parable
Publicação: 1835 (no periódico Baltimore Saturday Visiter)
Gênero: Conto filosófico e gótico
Resumo do conto
O conto A Sombra é uma breve parábola narrada em primeira pessoa por Oinos, um dos personagens que testemunham acontecimentos misteriosos em um ambiente de morte e decadência. A história se passa em uma sala sombria, onde sete homens se reúnem em torno do corpo de um amigo morto. A atmosfera é de luto e desespero: lá fora, o vento uiva e o ar parece impregnado de morte.
Enquanto os homens tentam afastar o medo com vinho e conversas, uma sombra surge; uma forma sem corpo, projetando-se sobre a parede. Essa sombra fala com uma voz composta por muitas vozes, ecoando como se viesse de além-túmulo. Sua mensagem é enigmática, mas carrega um tom de advertência sobre a natureza da vida, da morte e da culpa. O conto termina sem explicação, deixando o leitor diante do mistério.
Análise e interpretação
Apesar de ser uma narrativa curta, A Sombra é densa e simbólica. Poe constrói uma atmosfera de terror psicológico, em que o medo não vem de algo visível, mas do desconhecido e do invisível — a própria sombra, que pode ser lida como metáfora da consciência humana, da culpa ou da morte que espreita todos.
O ambiente claustrofóbico, os sete homens e o corpo de seu amigo remetem a uma visão alegórica da humanidade, reunida diante da inevitabilidade da morte. Oinos, o narrador, é o olhar racional tentando compreender o sobrenatural. A sombra, por sua vez, pode representar o que é inescapável: o passado, a culpa coletiva, ou a própria presença da morte em meio aos vivos.
O conto é uma das primeiras experiências de Poe com o que ele chamaria de “parábola moral” — uma narrativa curta com intenção filosófica, diferente de seus contos policiais ou de terror direto. Aqui, o medo nasce da reflexão existencial e da ambiguidade.
Estilo e atmosfera
Poe usa uma linguagem poética e simbólica, carregada de imagens sensoriais e referências ao ocultismo. O tom é solene, quase ritualístico, reforçando a ideia de que o conto é uma visão mística. A cadência da prosa lembra um relato antigo, como se o narrador contasse uma revelação esquecida nos “arquivos do tempo”.
A ambientação é típica do romantismo gótico, com elementos como a sala escura, o corpo morto, o vinho, o medo e o silêncio, tudo cuidadosamente disposto para criar um clima de suspensão entre a vida e a morte.
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