A Biblioteca da Meia-Noite — Resenha

7 de julho de 2022 - Regiane Silva

Livro A Biblioteca da Meia-Noite em uma estante de livros

Livro: A Biblioteca da Meia-Noite

Autor: Matt Haig

Editora: Bertrand Brasil

A primeira publicação foi em 2021

Páginas: 306

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

Sinopse: Aos 35 anos, Nora Seed é uma mulher cheia de talentos e poucas conquistas. Vendo pouco sentido em sua existência, ela coleciona tristezas e arrependimentos. Quando Nora se vê na Biblioteca da Meia-Noite, ganha uma oportunidade para fazer tudo de novo.

Como em um passo de mágica, os livros da Biblioteca da Meia-Noite permitem que Nora experimente as vidas que teria vivido se tivesse tomado outras decisões. Com a ajuda de uma velha amiga, ela agora pode reverter cada uma das ações das quais se arrepende, até chegar à vida real. Mas nem sempre as coisas ocorrem como o esperado, e o novo rumo que sua vida toma coloca em risco tanto a biblioteca quanto a própria Nora.

Antes que o tempo acabe, ela deve responder à pergunta mais importante de todas:

O que faz a vida valer a pena?

Livro A Biblioteca da Meia-Noite em uma estante de livros

Resenha:

“Não precisamos fazer tudo a fim de ser tudo, porque já somos infinitos.” (p. 294)

Algumas leituras ficam tatuadas em meu ser durante dias após o término do livro. Fico revivendo as cenas das personagens, recitando os diálogos e criando fanfics da história na minha cabeça. A Biblioteca da Meia-Noite não é exatamente esse tipo de leitura para mim, porém, já me peguei relendo várias vezes partes desse livro, algo incomum de acontecer. Não tenho como negar que ele é um dos meus favoritos.

O que faz a obra de Matt Haig ser tão especial não é a protagonista em si, e sim os ensinamentos que ela aprende no decorrer de toda a narrativa. É um livro repleto de lições, do início ao fim. E eu amo quando as lições tocam meu coração.

Nora tem depressão, não é fácil para ela estar presa a sua cabeça. É bem triste os instantes antes de sua decisão de morrer. Nesse momento, já aprendemos uma lição importante: a nossa vida pode estar um caos, mas nunca devemos fazer o outro pagar. É isso que senti que fizeram com Nora. Ela estava esmagada, carregando um peso enorme que não pertencia a ela.

Sabe aquele velho conselho: um sorriso pode mudar o dia de alguém? É basicamente isso que faltou para fazer Nora não desistir.

Mas a desistência dela não foi algo ruim, afinal estamos falando de uma fantasia. Devido a isso, a morte foi bem-vinda a ela, pois Nora ganhou uma oportunidade de aprender com os arrependimentos do passado.

Cada livro na biblioteca representa uma possibilidade de vida se ela não tivesse tal arrependimento. Por exemplo: em uma das vidas, ela é uma cantora famosa, pois não havia desistido de fazer parte da banda do irmão.

Entretanto, percebi que, em cada vida, Nora apenas se encolheu para caber nos sonhos dos outros. Suas vontades ficavam em último plano. Externamente, ela parecia ter a vida perfeita e feliz, mas internamente não estava satisfeita.

Na vida verdadeira dela, tentou seguir suas vontades e sonhos. No entanto, o desapontamento dos outros pesaram tanto em cima dela que não conseguiu viver. Enquanto ela acreditava que os outros jogavam a responsabilidade nela porque as vidas deles não estavam boas, Nora sofria com a culpa.

Parecia que ela era a errada em todas as vidas, porque sempre suas escolhas traziam consequências. E como ela estava acostumada a pensar que a culpa era sua, não importava a vida que escolhesse, algo a incomodaria. Nada estava bom para eles nem para ela. Nora queria cumprir as expectativas alheias para não os magoar, mas ela não era obrigada a sacrificar sua felicidade.

Todos, na vida de Nora, estavam tão concentrados em seus próprios desejos que não prestavam atenção aos dela. Eram tóxicos.

Os arrependimentos lamentados por Nora era devido à infelicidade dos outros. Eles a arrastavam como se ela fosse o problema. Mas a felicidade dela não dependia deles, nem a deles dependia dela.

É interessante como ela começa a entender a vida e como percebe que a frase de Thoreau faz mais sentindo do que ela imaginava: “não é aquilo que você olha que importa, mas o que você vê.” (p. 275). Tornou-se minha citação favorita, e o fato da personagem gostar de filosofia e Thoreau ser seu filósofo favorito me fez até procurar pelo livro Walden ou A vida nos bosques.

Gostaria de poder falar mais sobre essa obra, mas eu daria muitos spoilers. Mas caso tenha lido, comente o que achou do livro.

Caderno com alguns trechos do livro A Biblioteca da Meia-Noite

“Acho que seu problema era medo da vida.” (p. 26)

“Esta aqui era uma vida em que ela usava quatro pontos de exclamação seguidos. Era, provavelmente, o que pessoas mais felizes e menos estressadas faziam.” (p. 56)

“Às vezes, a única maneira de aprender é vivendo.” (p. 80)

“— Você está pensando demais. — Eu sofro de ansiedade, não sei pensar de menos.” (p. 123)

“Pode ser que você precise parar de se preocupar com a aprovação dos outros.” (p. 206)

“O que às vezes dá a sensação de ser uma prisão é, na verdade, só um truque da mente.” (p. 285)

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Foto Regiane Silva Regiane Silva

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