A ansiedade foi o que me levou a escrever. Era como se uma enxurrada de pensamentos negativos invadisse minha mente, todos ao mesmo tempo, me deixando paralisada. Escrever foi a maneira que encontrei para esvaziar o que já transbordava dentro de mim.
Percebo que, nos momentos em que me recuso a escrever — seja por preguiça, seja por falta de vontade —, a angústia permanece, pesada e sufocante. Mas, quando finalmente coloco tudo para fora, é como se conseguisse aliviar esse peso com as próprias mãos. A escrita, para mim, é mais do que uma ferramenta; é um respiro, uma libertação.
A escrita é uma das formas mais antigas e profundas de expressão humana. Quando colocamos palavras no papel, damos voz a sentimentos, pensamentos e histórias que, muitas vezes, estão escondidos dentro de nós. Mais do que uma habilidade criativa, a escrita pode ser uma ferramenta terapêutica poderosa, capaz de transformar nosso estado emocional e mental.
Manter um diário, por exemplo, é uma prática que tem ajudado muitas pessoas a se conectarem com elas mesmas; inclusive sou uma beneficiária desse hábito. Não é necessário ser um escritor profissional para começar; basta ter disposição para explorar o que habita em seu interior. Com algumas palavras por dia, você pode abrir uma porta para a autocompreensão e para o alívio emocional.
Há momentos em nossa vida em que não conseguimos identificar a origem de tanta ansiedade e inquietação. No entanto, ao colocar esses sentimentos no papel, tudo começa a se esclarecer, como nuvens que se afastam para revelar um céu azul.
Por que a escrita é tão terapêutica?
Processamento de emoções
Ao escrever, damos forma aos nossos sentimentos. Aquilo que nos aflige deixa de ser uma confusão interna e se torna algo mais claro e compreensível. Um diário pode funcionar como um “amigo silencioso”, que nos ouve sem julgamentos.
Redução da ansiedade
Estudos mostram que colocar preocupações no papel ajuda a aliviar a tensão e a ansiedade. Escrever nos permite tirar o peso de pensamentos repetitivos, clarear a mente e organizar ideias.
Reflexão e autodescoberta
Revisitar suas próprias palavras pode ser uma experiência reveladora. Você percebe padrões, entende melhor seus comportamentos e encontra soluções para problemas que pareciam insolúveis.
Criatividade e liberdade
No diário, não há certo ou errado. É um espaço onde podemos ser totalmente honestos e criativos, sem medo de julgamentos.
Revisitar esses escritos é uma experiência reveladora. Percebo que, nos momentos mais difíceis — quando estava deprimida, ansiosa ou simplesmente sobrecarregada —, era quando mais escrevia. Ao reler esses desabafos, às vezes me pego pensando: Que exagero! Mas é justamente esse o propósito do desabafo: aliviar o peso que carregamos, transferindo-o para o papel.
O mais incrível é perceber a evolução que essas páginas revelam. Problemas que antes pareciam insuperáveis agora me fazem sorrir ao reconhecer o quanto superei. Aquilo que um dia foi o “fim do mundo” hoje é apenas uma memória distante, uma prova de que amadureci e de que sou capaz de superar os desafios que surgem no caminho. Escrever não apenas cura; também nos mostra o quanto crescemos.
Como começar seu diário?
Escolha um caderno ou um aplicativo que você goste. A experiência deve ser agradável.
Não se preocupe com gramática ou estrutura. Escreva como os pensamentos surgem.
Dedique alguns minutos por dia, seja pela manhã para definir o tom do dia, seja à noite para refletir sobre o que aconteceu.
Experimente temas diferentes: gratidão, sonhos, medos, conquistas.
Responda a algumas perguntas, caso isso ajude a fluir:
Como estou me sentindo hoje?
O que mais me irritou hoje?
O que mais me alegrou hoje?
Gostei do meu dia?
O que mudaria no meu dia se pudesse?
Como está minha relação com determinada pessoa?
Consegui concluir alguma tarefa parada há muito tempo? Não? Por quê?
O mais importante é lembrar que o diário é um espaço seu, onde você pode ser vulnerável, honesto e criativo. É uma jornada de autoconhecimento e cuidado emocional. No entanto, por chamá-lo de diário, não significa que é obrigatório escrever nele todos os dias. Eu, por exemplo, escrevo no meu apenas quando sinto necessidade.
Não é necessário guardar todos os cadernos para sempre, caso você escolha escrever em cadernos físicos. Ao longo da minha vida, já tive inúmeros diários. Muitos deles foram usados como um confidente nos momentos em que eu não estava bem, e neles escrevi coisas que preferiria não lembrar. Essas palavras ficaram esquecidas nas páginas, e com o tempo decidi destruí-las. E tudo bem, porque aqueles cadernos já haviam cumprido sua função.
Por outro lado, existem aqueles que guardo com carinho, pois registram lembranças boas e significativas. E está tudo bem manter esses também. Cada diário tem seu propósito: alguns são feitos para nos ajudar a superar, enquanto outros nos ajudam a lembrar e celebrar momentos especiais. O importante é reconhecer o papel que eles desempenham em nossa jornada.
Se você está enfrentando desafios ou deseja se conhecer melhor, experimente usar a escrita como aliada. Muitas vezes, ao reler nossas palavras, percebemos o quanto já caminhamos e o quanto somos capazes de superar. Que tal começar hoje mesmo? O papel (ou a tela) está em branco, esperando por você!
4 comentários em "A Escrita Como Terapia: O Poder Transformador de um Diário"
Gostei muito do seu texto. Como escritora muitas vezes me sinto ansiosa.
Escrever sobre o processo de escrita, ajuda muito. Obrigada!
Eu sou fá de Diário. Inclusive tenho um num grupo literário, é um diário coletivo, onde os membros deixam seus segredos, rsrsr... Parabéns pelo texto. Tudo de bom. 📖🎼🎭
Que legal! kkkk não sei se eu conseguiria participar de um diário público, mas é uma ideia diferente.
Deixe um comentário para motivar a autora
Cancelar resposta?