A garota que você deixou para trás — resenha

16 de maio de 2022 - Regiane Silva

Livro A garota que você deixou para trás, dois porta lápis com canetas e alguns enfeites de mesa.

Ler esse livro de Jojo Moyes foi uma maneira de descansar minha mente. Eu havia acabado de ler Verity, de Colleen Hoover (uma leitura que levou menos de dois dias, eu praticamente devorei o livro), e precisava de algo leve e que não me obrigasse a pensar demais.

Iniciei o livro, sem muitas expectativas. Eu sabia que Jojo era famosa por seus livros, mas nunca tinha lido nada dela. Mesmo assim, preferi ler sem pesquisar muito a respeito da história. Confesso que me surpreendi com a primeira parte da obra.

O livro é divido em duas partes. A primeira, conta a história de Sophie, uma moradora da cidade de St Péronne em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. Não gosto muito de histórias que se passam durante a guerra, mas foi impossível não se simpatizar com todos os moradores dessa pequena cidade da França. Foi muito interessante ver o ponto de vista de Sophie, que sofria diariamente com a saudade que ela sentia do seu marido, que estava na guerra.

St Péronne está tomada por alemães, o povo passa fome e não tem liberdade. Mas logo nas primeiras páginas, observamos o caráter de Sophie, que enfrenta um Kommandant para poder salvar um porco que eles mantêm escondido para uma futura refeição. Durante esse momento da história, ficamos sabendo das condições que eles enfrentam: sem alimentos, sem móveis e peças de suas casas (elas foram saqueadas pelos alemães), o pão é sempre descrito como preto e duro, todos os moradores estão magros e alguns até doentes.

Mas Sophie ainda é uma moça esperançosa, ela tem certeza de que um dia voltará a ver seu marido.

Édouard, marido de Sophie, é um pintor. E o quadro favorito dela fica pendurado no hotel em que ela está morando, junto de seu irmão mais novo, sua irmã (cujo marido também está na guerra) e seus sobrinhos. O hotel é deles, onde também tem um bar/restaurante que os moradores frequentam.

É justamente esse quadro o motivo de toda a história.

O retrato é de Sophie, que sempre lamenta a saudade que tem de ser aquela garota novamente, a garota que o marido foi obrigado a deixar para trás, e que ela também deixou, pois, as circunstâncias que a rodeia não permite que seu brilho retorne.

O Kommandant, após intimar Sophie, dizendo que a partir daquele dia, os alemães passariam a comer no seu restaurante, vê o quadro dela e se apaixona por ele. Ao descobrir que o marido dela é o pintor, ele começa a tentar puxar assunto com ela sobre arte, mesmo Sophie deixando claro o que pensa dele e dos seus soldados.

É bem tenso essa parte da história. A maneira como o povo tentava defender sua cidade e seus direitos, e também o modo como eles julgavam aqueles que “pendiam” para o lado dos intrusos do seu país mostram uma realidade dura.

Na segunda parte da história, vamos para o ano de 2006, quando conhecemos Liv, uma moça de trinta anos que se esforça em viver um dia de cada vez após a morte do marido. Ela está em luto há quatro anos e nunca acha que voltará a ser quem foi um dia.

De modo inusitado, Liv conhece Paul em um bar, onde sua bolsa foi roubada. Ele é um ex-policial que trabalha em uma empresa que localiza obras de arte desaparecidas e as devolve à família dos donos. O foco deles tem sido obras de artes saqueadas na guerra.

Paul começa a fazer Liv ter esperanças de voltar a ter uma vida longe do luto, de poder ser feliz novamente. No entanto, como uma grande coincidência, Liv tem o quadro de Sophie na parede de seu quarto, um presente do seu marido durante a lua de mel.

Paul tem a difícil tarefa de falar a Sophie que a família do pintor, após quase cem anos, quer o quadro, já que todas as obras de Édouard passaram a valer milhões.

E é nesse impasse que vamos descobrindo o que aconteceu com Sophie e como o quadro saiu do seu hotel.

Liv batalha na justiça, sofrendo com os julgamentos por não querer devolver o quadro, enquanto tem de se afastar de Paul (que está trabalhando para seus adversários), acreditando que nunca conseguirá ser feliz novamente.

Derramei várias lágrimas durante a leitura. Jojo conseguiu me deixar com a garganta travada e a ter tanta simpatia por Sophie, que meu coração estava apertado nas páginas finais.

A história é narrada no ponto de vista de Sophie, mas quando vamos para 2006, para a história de Liv, troca-se o narrador para um onisciente.

Não sei se um dia lerei outros livros da autora, mas, com certeza, este livro foi prazeroso para mim. E você, já leu A garota que você deixou para trás?

Livro aberto, post-it espalhados, caneta e lápis, e um caderno com anotações de leituras realizadas.

QUOTES

“Ela me fazia lembrar de que o mundo era capaz de beleza e que já havia existido coisas — arte, alegria, amor — que enchiam o meu mundo, em vez de medo, sopa de urtiga e toque de recolher.” (p. 17)

“Penso em você dia e noite… Você é minha estrela guia neste mundo de loucura.” (p. 20)

“Não consigo me lembrar de como era viver sem medo.” (p. 25)

“O mais importante foi que ela preencheu mais uma vez um momento que ainda lhe causa temor: aqueles primeiros minutos do despertar, quando a vulnerabilidade significa que a perda ainda pode atingi-la, inesperada e venal, intoxicando-a com pensamentos negativos” (p. 136)

“Ei, moça. Você pensa demais.” (p. 191)

“Nunca conheci a verdadeira felicidade até encontrar você.” (p. 266)

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Foto Regiane Silva Regiane Silva

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