A rua era estreita, mas muito movimentada. Alguns ciclistas passavam com dificuldade pelos pedestres, ao passo que todos se encantavam com a beleza daquela parte turística da cidade.

Lentamente, caminhei tentando prestar atenção em todos os detalhes. As casinhas de dois andares, germinadas e coloridas, tinham vasos com flores na grade da sacada, deixando tudo muito charmoso. Em algumas, havia pessoas sentadas, tomando café, e em outras, havia toalhas que estavam penduradas para secar.

A parte inferior das casas eram reservadas para o comércio, onde se encontrava de tudo, desde roupas até alimentos. No entanto, um dos comércios me chamou atenção: uma livraria. Não pensei duas vezes para atravessar até a calçada do outro lado e passar pelas portas verdes do pequeno estabelecimento.

O cheiro de livros velhos, poeira e um toque de lavanda dominava todo o ambiente. Confesso que amo esse cheiro. Uma senhora, baixa de cabelos ruivos, tingidos, e óculos de grau, veio em minha direção.

— Está procurando por algo específico? — Com um sorriso simpático e um livro em mãos, me olhou amavelmente.

— Na verdade, não tenho nada em mente, apenas queria olhar.

— Fique à vontade. — Voltou a se sentar preguiçosamente na cadeira de balanço ao lado do balcão para ler o seu livro.

O lugar não era grande, havia apenas uma estante que ia do teto até o final da loja, fazendo dois corredores. As paredes também eram repletas de livros, e algumas mesinhas espalhadas continham revistas e jornais antigos. Fiquei encantada pela máquina de escrever vermelha com alguns desenhos talhados nela. Sempre quis uma e fiquei perguntando-me o porquê de ainda não ter.

Passei alguns minutos olhando, fascinada, para todas aquelas histórias que, em algum momento, haviam alegrado ou angustiado as pessoas que as leram. Era uma loja de livros usados. Não comprei nenhum, porém fiquei feliz de conhecer mais um cantinho daquela cidade que farei questão de voltar um dia.

Crônica de Regiane Silva.