Livro: Caminhos do Destino;

Autora: Penny Jordan;

Editora: Harlequin;

Publicado em 1999;

Páginas: 157;

Nota: ⭐⭐

Sinopse: Dee Lawson sempre tentou se convencer de que ter uma carreira bem-sucedida era o suficiente para ser feliz por completo. Mas agora ela se arrepende de ter aberto mão da chance de casar-se e ter filhos. Principalmente ao reencontrar Hugo Montpelier, seu único e verdadeiro amor. A paixão que sentiam estava ainda mais intensa do que no passado, mesmo Hugo deixando claro que não a perdoara por tê-lo abandonado. Dee sabe que, para conseguir o tão sonhado “felizes para sempre” ao lado dele, precisará revelar um segredo que guardara por todos esses anos.

Resenha

Eu sou uma leitora de Dark Romance. Gosto de livros pesados, cheios de gatilhos e quanto mais maluco, melhor. No entanto, existe uma grande diferença entre ler um Dark Romance, ciente do conteúdo, e um livro vendido como um belo romance para fazer as mulheres suspirarem.

A coleção da Harlequin, Amores memoráveis, deu um belo tiro no pé. Tudo bem que os livros são de 20 anos atrás. Os tempos hoje são outros, graças a Deus. E enxergar um problema em uma narrativa é um bom sinal, significa que estamos evoluindo. Entretanto, o livro ainda é vendido como um romance inspirador, e não como um romance com um conteúdo problemático.

Caminhos do Destino não só expõe claramente dois homens narcisistas, fazendo chantagem emocional com uma garota, como mostra que, no futuro, após você ter paciência e cultivar seu amor, tudo se resolve e todos vivem felizes para sempre.

Na vida real não é bem assim. Tudo bem que não leio livros de romance para ter uma visão da vida real, eu gosto mesmo de fantasiar e ver realidades que podem até ser impossíveis de acontecer. No entanto, uma coisa é esperar um romance bonito e apaixonado, outra é ver abusos verbais e achar tudo emocionante e bonito. Deixando claro que nem são tão pesados assim esses abusos, mas foram o suficiente para me deixarem desconfortável com a leitura.

Penny Jordan era uma excelente escritora, não posso negar. Muitos dos livros dela se passam nas últimas décadas do século passado e no início dos anos 2000, e por isso entendo o motivo de a narrativa ser tão errada, já que isso era considerado amor. A escrita dela é inspiradora para mim, que também sou escritora. Amo a maneira como ela descreve detalhes e emoções. Mas não consegui passar pano para a história.

Dee é uma mulher com um passado bem traumático. Conheceu Hugo na faculdade, se apaixonou, ele foi seu primeiro homem, e tinham um relacionamento cheio de amor. Porém, seu pai não concordava com a relação dos dois, por isso fazia chantagem emocional para a filha largar Hugo. Já Hugo também não gostava do pai dela; da mesma forma, fazia chantagem emocional para ela se afastar do pai e parar de dar ouvidos a ele.

Ela amava muito o pai e a Hugo, devido a isso ficava dividida na guerra entre os dois. Sofria porque tinha de andar pisando em ovos com eles.

Hugo tinha seus sonhos e planos para quando terminasse seu curso. Ele fazia questão de deixar claro que seu objetivo vinha acima de tudo, incluindo de Dee. Ela praticamente teve de pegar os sonhos dele como seus, deixando de lado seus próprios planos.

Algumas coisas acontecem e os dois se separam. Anos à frente, eles se reencontram. Hugo parece não ter mudado, e Dee continua machucada com o passado.

Entretanto, as reviravoltas acontecem e o “felizes para sempre” chega.

O problema não está só no mocinho, que era controlador e chantagista, em alguns momentos até agressivo. Mas Dee também não evoluiu, passou anos ainda apaixonada por Hugo e sem se relacionar com mais ninguém.

A mensagem do livro é esta: se você terminar hoje um relacionamento abusivo, tenha paciência e espere, caso o amor seja muito grande, porque lá na frente o abusador vai ter mudado e vão ficar finalmente juntos em paz.

Não dá para engolir isso. Diferente de um Dark Romance, isso é vendido como algo bonito e emocionante nos dias de hoje. Acredito que a Harlequin deveria sinalizar esses livros, porque o primeiro, Noiva Misteriosa, tem o mesmo estilo. O volume Amores memoráveis contém essas duas histórias, e não gostei de nenhuma. O primeiro eu nem consegui terminar a leitura no ano passado, estava intragável.

Dei 2 estrelas devido à escrita de Penny, senão não teria dado nenhuma.