Crise? Não a quero mais!

31 de março de 2021 - Regiane Silva

Aquele pânico e desespero, angústia e sofrimento, toda a tristeza e negatividade, me abandonaram.

Lembro-me perfeitamente de dizer que não seria capaz de nunca mais sorrir ou ser feliz. Tudo havia perdido as cores, os sabores, os detalhes não estavam mais lá. Eu apenas existia. No entanto, hoje digo de peito estufado e coração alegre o quanto estou bem e muito feliz!

Como tudo isso aconteceu?

Vou te contar em detalhes, mas você tem que me prometer não julgar ou achar bobo, porque o mundo já é tão cheio de pessoas negativas, não custa nada dar uma chance a algo que pode nos fazer bem. Não concorda?

Eu estava tendo uma crise de ansiedade atrás da outra por motivos banais e também por motivos sérios. Sentia que precisava encontrar um trabalho, algo para me ocupar e me sentir útil.

Um emprego bateu em minha porta. Considerei aquela oportunidade perfeita para mim, visto que era meio expediente, um salário bom e não muito longe de casa. No segundo dia de trabalho tive outra crise de ansiedade e abandonei aquela chance que me foi dada.

Foi nesse momento que me dei conta de quantas coisas deixei de fazer, de desfrutar e de compartilhar por causa de minha ansiedade. Chegou a um ponto que parei minha vida apenas para curtir esse problema que eu tinha desde novinha, mas nunca dei atenção.

Eu precisava fazer algo a respeito, não aguentava mais me isolar e ter crises de choro. Vivia em uma perfeita montanha-russa de emoções e as quedas eram longas e torturantes!

Procurei por ajuda profissional. Com o apoio de minha mãe, consegui pagar uma psicóloga e comecei a fazer sessões de terapias. Como aquilo era difícil para mim! Me abrir com alguém e falar sobre o que sinto era algo complicado. Eu não tinha o hábito de desabafar, muito menos expor meus medos e angústias.

Escrever sempre foi mais fácil, por isso descontava toda minha ansiedade em contos melancólicos e cheios de pensamentos negativos. Era como me sentia e dessa forma eu me esvaziava por um curto período de tempo, porém, era melhor do que nada.

Nas primeiras consultas semanais eu saia do consultório mais confusa do já estava. Tudo parecia tão difícil e distante de mim. Eu, que sempre fui muito positiva, havia me tornado alguém negativa e sem esperanças. Abracei os problemas que minha mente criou e não soltava por nada no mundo.

Minha psicóloga, uma mulher muito bonita e segura, com toda sua paciência me dizia que eu precisava deixar tudo mais leve, afinal eu queria ter o controle de todas as situações ao meu redor e ao mesmo tempo me cobrava o dobro do que era capaz de suportar em determinados momentos. Simplesmente parei de ter compaixão por mim e me castigava mentalmente ao permitir que esses pensamentos negativos tomassem conta da minha vida.

“É você a pessoa que tem o controle de sua mente. Seus pensamentos não mandam em você e sim o contrário.”

Ela sempre repetia isso.

“A vida é tão gostosa quando a gente a permite ser leve!’’

Eu não duvidava disso. Mas, o que era ser leve? Acordar preocupada e ir dormir com novas preocupações era o normal para mim. Como seria ter um dia de leveza?

Certo dia eu tive um momento de leveza. Me lembro perfeitamente de ser uma quarta-feira, um dia antes da minha consulta. Eu acordei tão bem, tão feliz! Consegui fazer tudo o que tinha programado e não sentia ansiedade ou fiquei deprimida. Após dias seguidos me sentindo muito mal, ter esse dia de paz foi maravilhoso!

Cheguei em minha consulta, na quinta-feira, contei como estava bem e as vitórias que tive naquela semana. Minha psicóloga me elogiou muito e sai de sua sala tão leve e calma que tomei uma decisão:

“Quero me sentir assim todos os dias.”

A primeira coisa que eu faria, como uma pessoa ansiosa, era programar o passo a passo de todos os meus dias para eu continuar a me sentir daquela maneira. No entanto, eu sabia que já tive esse tipo de atitude centenas de vezes, e no final eu ficava frustrada e mais ansiosa. Então, resolvi o assunto de outra maneira.

“Aproveitarei o momento, apenas o momento presente.”

Em vez de pensar em como me sentiria amanhã, me concentrei em aproveitar o aqui e agora. Eu queria viver o presente, para isso acontecer tive de me esforçar em apenas sentir aquela paz naquele momento. O amanhã ainda não existia e eu não precisava me preocupar com ele.

Passei a quinta-feira vivendo apenas o presente. É claro que não foi fácil, foi uma guerra nos meus pensamentos, mas no final eu fui a vencedora.

Antes de dormir naquele dia tomei a decisão de fazer caminhada no dia seguinte. Isso era um salto que eu estava dando! Eu sabia da importância de dar um passo de cada vez, porém, queria muito acordar de manhã e ir caminhar. Apenas deixei essa ideia em minha mente e dormi sem me preocupar se iria ou não cumprir.

Na sexta-feira acordei me sentindo bem novamente. Sem me preocupar com todas as tarefas que tinha no dia, fui fazendo minha rotina diária. Fiz café, peguei um livro para ler – era algo que eu estava procrastinando e resolvi esse problema lendo uma página por dia – organizei a casa, tomei café com meu marido e me arrumei para caminhar. Em momento algum pensei na caminhada, apenas agi como se já fizesse parte da minha rotina, e esse foi o meu segredo.

Eu sou aquele tipo de pessoa que repassa cada passo que tenho que dar durante o dia, a todo momento. Se eu ficasse pensando na caminhada, com toda a certeza eu não teria saído de casa.

Simplesmente peguei minhas chaves, abri o portão e fui em direção ao local que queria caminhar. Me concentrei o tempo todo em como eu estava me sentindo, bem e feliz. Observei o céu azul, o ar puro, apesar de estar de máscara, e observei a quantidade de pessoas por quem passei que também estavam caminhando.

Se durante a caminhada eu pensasse em minha casa, nas minhas tarefas ou deixasse os pensamentos negativos me dominarem, com certeza eu desistiria. Apenas me concentrei em me sentir bem, era isso que importava naquele momento.

Sabe o que aconteceu? Fiz a caminhada, cheguei em casa cansada, porém, muito feliz e me senti capaz de fazer qualquer coisa que eu quisesse. Nada seria capaz de me impedir. E novamente tomei a decisão de me sentir assim todos os dias.

Consegui realizar todas as tarefas que eu tinha para aquele dia. A caminhada não me atrapalhou, apenas me deu mais ânimo. Se eu tivesse deixado meus sentimentos negativos me dominarem teria perdido aquela oportunidade de fazer algo bom para mim.

Eu mereço me sentir bem, mereço estar feliz e mereço dar os cuidados que meu corpo precisa para ser saudável.

Isso não significa que os pensamentos negativos não estavam lá. Eles estavam e amavam ficar repetindo:

“Você não tem o tênis certo para fazer caminhada.”

Realmente, eu não tinha! Mas, me apeguei aquela frase que sempre encontramos na internet: “Comece com o que você tem.”

Se eu fosse esperar comprar o tênis apropriado desistiria de caminhar e no final não compraria o tal tênis já que não estaria com tanto ânimo para caminhar. Ou seja, seria mais uma desistência sem motivos sólidos.

“Você vai ficar com dor nas pernas.”

Sim, eu sabia disso. Minhas pernas doeram após a caminhada? Muito, mas valeu a pena e não me concentrei nas dores. Hoje, elas nem existem mais. Se eu tivesse desistido por causa disso, perderia a chance de me sentir bem por causa de um pensamento.

Foi a partir desse salto que passei a entender que tudo estava na minha cabeça. Quando minha psicóloga dizia que não havia nada de concreto para os meus medos, eu achava complicado de entender. Entretanto, foi depois que dei o primeiro passo, ignorando as vozes em minha cabeça, que entendi a importância de ter o pensamento certo.

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Foto Regiane Silva Regiane Silva

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