“O processo de escrita deve ser prazeroso e divertido, não esse sofrimento todo que você vive!” – Ele me disse.
Acredito que se minha vida fosse um filme, eu seria aquela escritora mentalmente perturbada que anda pela casa com um cigarro em uma mão e um copo de vinho na outra, tentando encontrar novamente o caminho para a criatividade.
Não, eu não fumo, e bebo socialmente nos finais de semana, porém, confesso ser mentalmente perturbada quando sinto-me travada em algo que estou criando. Entro em uma espécie de transe, sofrendo a cada segundo por não conseguir pensar em uma saída para minha história.
“É uma angústia inigualável. Sentava-se na sala, mordendo o lápis, olhava para a máquina de escrever, caminhava pelo quarto ou jogava-me em cima de um sofá, com vontade de chorar! Depois saía, interrompia alguém que estava trabalhando (…) e dizia: – É terrível, Max. Acho que esqueci como se escreve um livro! Simplesmente não consigo. Jamais vou escrever um livro novo!” (Autobiografia, Agatha Christie, p.479)
Quando li pela primeira vez essas palavras de Agatha Christie no blog da Karina Kuschnir, percebi que se uma grande escritora passava por bloqueios de criatividade ao ponto de achar que nunca mais conseguiria escrever um livro, quem sou eu para querer não ter esses bloqueios!
Por mais que seja normal nosso cérebro pedir por um tempo e simplesmente não querer trabalhar, deixando-nos com uma tela em branco sem estimativa de quando voltará a funcionar, não deixo de sofrer nesses momentos. Sinto-me tão impotente sem saber o que fazer, fico extremamente entediada e sem esperanças.
Estou escrevendo um livro – que em breve publicarei aqui – e sei que ao ter esses bloqueios a única coisa que posso fazer é esperar. Quando eu menos imaginar, voltarei a sentar na frente do computador e digitarei compulsivamente como se nada de “ruim” tivesse acontecido.
Entretanto, até esse momento chegar entro em um estado de sofrimento como se o mundo estivesse contra mim e nunca mais serei feliz.
“É como se só depois de muita reviravolta interna, depois de horas de tédio profundo, é que nos sentíssemos normais. (…) Ficamos, enfim, tomados por um sentimento de desesperança paralisante. De repente, por alguma razão desconhecida, uma espécie de fagulha faz com que comecemos a agir. Compreendemos que o livro está começando a nascer, que a neblina está se dissipando.” (Autobiografia, Agatha Christie, p.480)
Apenas gostaria de lidar melhor com esses momentos. No conto “A escritora em crise” deixo claro todos esses sentimentos de angústia que sinto durante esse processo. Olho meu diário de escrita e vejo poucas páginas de felicidade dizendo como minha história está evoluindo, afinal tenho prazer em choramingar dizendo que não consigo escrever ou que nunca serei uma escritora.
Hoje parei para analisar meu romance. Com um pouco de timidez, confesso que estou orgulhosa de mim. Estudei e fiz longas e dolorosas pesquisas para poder escrever cada capítulo. Valeu a pena cada lágrima que derramei ao passo que escrevia.
Espero trazer esse livro o mais rápido possível para vocês, leitores do meu blog.
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