
Livro: Dom Casmurro
Autor: Machado de Assis
A primeira publicação foi em 1899
Páginas: 287
Nota: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse: Dom Casmurro, de Machado de Assis, é uma das obras mundialmente célebres da literatura brasileira. O romance trata das memórias do narrador-personagem Bento Santiago, o advogado recluso e calado que recebe e adota o apelido mencionado no título da obra. Com a sutileza que lhe é própria, Machado de Assis explora as incongruências desse personagem, deixando transparecer sua insegurança e ciúme. As ambiguidades de Bentinho moldam o mais famoso “narrador não confiável” da nossa literatura.

Resenha:
Sabe aquele gosto amargo que fica na boca quando você ouve algo que não absorve bem? Foi mais ou menos assim que fiquei quando li a última página de Dom Casmurro.
Inicialmente, não gostei. Odiei a história, tive muita pena de Capitu, pois comecei a leitura com a ideia de que ela era inocente (após ler tantas resenhas de pessoas que tinham essa opinião). No entanto, após me acalmar e pensar mais a respeito da história, concluí que Machado de Assis é um gênio, porque o livro cumpriu a ideia.
Temos apenas um narrador na história, o próprio Bentinho. É relatado tudo do seu ponto de vista, de uma maneira que parece que estamos lendo uma biografia. Acho que foi por esse motivo que me senti tão mal após a leitura, visto que tudo parecia muito real. Ainda me dói o peito ao pensar na Capitu.
Acredito que todo mundo que ler esta resenha saberá do que se trata a história. É a típica pergunta: Capitu traiu ou não Bentinho?
Sinceramente, eu não acredito na traição. Ela o amava, fez de tudo para ficarem juntos, mesmo sendo uma garota com gênio difícil e mandão. Entretanto, Bentinho narra seu olhar sobre a história, não dando oportunidade de defesa para a esposa. E estamos falando de um homem extremamente ciumento, muito moldável, sem opinião própria, vivia debaixo da saia da mãe, fraco e cabeça dura. Era irritante como ele tinha a necessidade de agradar a todos e nunca dizer o que realmente queria, na verdade, nem ele sabia o que realmente queria.
O que ele fez com Capitu e o filho não é perdoável para mim. E se ela traiu, foi merecido.
Demorei a engatar com a história. O começo é interessante, mas a partir do momento em que ele vai para o seminário até sua volta foi uma tortura ler. No entanto, após o casamento dos dois, não consegui parar de ler.
Tive momentos divertidos como: o primeiro beijo; o momento em que Bentinho teve certeza de que era homem; o dia em que ele estava feliz após ver Capitu, mas teve de ir à casa de um amigo ver um defunto, e os planos dele e de José Dias para livrá-lo da promessa da mãe.
Dou quatro estrelas justamente por ter me deixado tão mal o desfecho. Machado foi muito inteligente ao criar essa história que faz a gente duvidar em alguns momentos sobre qual é a verdade. Mas fico com a minha verdade: Capitu não traiu, e Bentinho era um homem patético.
A escrita de Machado de Assis não me deu vontade de ler as outras obras, mas quem sabe algum dia darei mais uma chance.
E você, leitor, acredita ou não na traição de Capitu?

Amai, rapazes! E, principalmente, amai moças lindas e graciosas; elas dão remédio ao mal, aroma ao infecto, trocam a morte pela vida… Amai, rapazes!
Ouvia-lhe contar que sonhava comigo… Capitu um dia notou a diferente, dizendo que os dela (sonhos) eram mais bonitos que os meus, eu disse-lhe que eram como a pessoa que sonhava… Fez-se cor de pitanga.
Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem.
4 comentários em "Dom Casmurro, de Machado de Assis | Resenha"
sua resenha foi perfeita, eu particularmente não acreditava muito na inocência da Capitu, mas depois de ler sua resenha, me senti menos culpada por pensar assim, pois como você escreve-" se traiu é porque ele mereceu. kkkk
kkkkk aquele Bentinho era um chato. Obrigada pelo comentário, fico muito feliz que tenha gostado.
Senti a mesma sensação ao terminar de ler. Fiquei triste pelo Ezequiel não ter tido amor de pai, por Capitu ter sido injustiçada(em minha percepção). Mas, desprendendo um pouco da história em si, foco na crítica social. O fato de Capitu não ter tido espaço para se justificar, relata a realidade das mulheres daquela época, que eram silenciadas e não tinham voz. Ademais, Bentinho para mim, eh exemplo de um machismo enraizado que perdura até os dias de hoje, -bem mais elevado-, quando ele, de maneira sútil, demonstra interesse ou desejo meio que "sem querer" por Sancha, no episódio onde pega em suas mãos e, ali, ele percebe que pode haver traições escondidas, em pensamentos, ele mesmo experimentou, e teme que Capitu possa sentir e desejar a mesma coisa por Escobar. Na verdade, Bentinho só tinha medo que Capitu fizesse aquilo que ele possivelmente imaginara com Sancha. Ele queria ter poder sobre ela, o que era comum no século XIX. Enfim, há muitas outras críticas sociais neste livro, eh fantástico.
Sim, concordo com tudo que foi dito. Um dia quero reler esse livro com um novo olhar. Foi meu primeiro contato com Machado de Assis, hoje já gosto muito mais dos livros dele do que quando li Dom Casmurro. Fiquei um pouco traumatizada com este livro kkkk mas hoje já amo esse autor.
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