“O Homem que Adorava Flores”, de Stephen King | Contos para o Halloween

23 de outubro de 2025 - Regiane Silva

Imagem representando o personagem com suas duas faces: o homem apaixonado e o assassino em série.

Autor: Stephen King

Título original: The Man Who Loved Flowers

Primeira publicação: 1977 (Gallery Magazine), depois incluído na coletânea Night Shift (Sombras da Noite)

Gênero: Terror psicológico / suspense

Resumo do conto

A história se passa em uma tarde ensolarada de primavera, em Nova York, e começa com um clima totalmente romântico. Um jovem caminha pelas ruas sorrindo, vestindo um terno cinza, com uma aparência leve e sonhadora. Ele está apaixonado, e todos à sua volta percebem. As pessoas o veem como um símbolo da esperança e do amor: ele para para comprar flores, um buquê de rosas, dizendo que são para “Norma”, a mulher que ama.

Porém, conforme a narrativa avança, o leitor começa a perceber sinais sutis de inquietação. Uma senhora comenta com o florista que é bom ver um jovem tão apaixonado “nesses tempos difíceis”, e o homem continua seu caminho, cercado pela aura de romance e ternura.

Mas quando ele finalmente encontra a mulher que chama de “Norma” — uma moça sozinha em uma rua escura — a cena muda completamente de tom. Em vez de entregar-lhe flores, o jovem a ataca brutalmente com um martelo, matando-a. Então descobrimos que Norma está morta há dez anos, e que ele é, na verdade, um assassino em série, que repete o mesmo ritual em um delírio romântico.

O conto termina com ele se afastando calmamente, com o cheiro de rosas e sangue misturados no ar — e as sirenes da polícia ecoando ao longe.

Análise e interpretação

Stephen King constrói a narrativa com uma maestria de contraste. Ele transforma uma história que parece romântica e banal em uma espiral de horror psicológico. O conto é curto, mas sua força está justamente na mudança repentina de atmosfera: o leitor é levado a acreditar que está presenciando um momento de amor e ternura, apenas para descobrir que esse amor é uma alucinação homicida.

O jovem representa a loucura disfarçada de normalidade; um tema recorrente em King. Ele anda entre as pessoas, desperta sorrisos e empatia, mas por dentro vive preso a uma obsessão doentia, incapaz de aceitar a perda.
Sua figura simboliza a aparência enganosa do bem, a máscara social que esconde o horror.

O título, O Homem que Adorava Flores, é profundamente irônico: o gesto de amor — oferecer rosas — é também o prelúdio da morte. As flores, nesse contexto, tornam-se símbolo da loucura romântica, da mistura entre beleza e destruição.

Estilo e atmosfera

King usa uma prosa simples e cinematográfica, conduzindo o leitor com naturalidade e falsa segurança.
O texto começa com luz, cores e calor — e termina em sombras e sangue. A transição é sutil, quase imperceptível, o que torna o clímax ainda mais chocante. É uma das melhores demonstrações do talento do autor para criar terror a partir do cotidiano, mostrando que o mal pode se esconder nos lugares mais comuns — e nas pessoas mais aparentemente inofensivas.

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Foto Regiane Silva Regiane Silva

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